quinta-feira, 13 de junho de 2013

Emília Ferreiro


Emília Ferreiro

“Quem tem muito pouco, ou quase nada, merece que a escola lhe abra horizontes”

“Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar”


Emília Ferreiro nasceu na Argentina em 1936. Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob orientação do biólogo Jean Piaget, cujo trabalho de epistemologia genética (uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança) ela continuou, estudando um campo que o mestre não havia explorado: a escrita. A partir de 1974, Emília desenvolveu na Universidade de Buenos Aires uma série de experimentos com crianças que deu origem às conclusões apresentadas em Psicogênese da Língua Escrita, assinado em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979. Emília é hoje professora titular do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, da Cidade do México, onde mora. Além da atividade de professora – que exerce também viajando pelo mundo, incluindo freqüentes visitas ao Brasil –, a psicolinguista está à frente do site www.chicosyescritores.org, em que estudantes escrevem em parceria com autores consagrados e publicam os próprios textos.

Nenhum nome teve mais influência sobre a educação brasileira nos últimos 20 anos do que o da psicolinguista argentina Emília Ferreiro. A divulgação de seus livros no Brasil, a partir de meados dos anos 1980, causou um grande impacto sobre a concepção que se tinha do processo de alfabetização, influenciando as próprias normas do governo para a área, expressas nos Parâmetros Curriculares Nacionais. As obras de Emília – Psicogênese da Língua Escrita é a mais importante – não apresentam nenhum método pedagógico, mas revelam os processos de aprendizado das crianças, levando a conclusões que puseram em questão os métodos tradicionais de ensino da leitura e da escrita. “A história da alfabetização pode ser dividida em antes e depois de Emília Ferreiro”, diz a educadora Telma Weisz, que foi aluna da psicolinguista.

Emília Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino brasileiro e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança – ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emília Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita. De maneira equivocada, muitos consideram o construtivismo um método.

Tanto as descobertas de Piaget como as de Emília levam à conclusão de que as crianças têm um papel ativo no aprendizado. Elas constroem o próprio conhecimento – daí a palavra construtivismo. A principal implicação dessa conclusão para a prática escolar é transferir o foco da escola – e da alfabetização em particular – do conteúdo ensinado para o sujeito que aprende, ou seja, o aluno. “Até então, os educadores só se preocupavam com a aprendizagem quando a criança parecia não aprender”, diz Telma Weisz. “Emília Ferreiro inverteu essa ótica com resultados surpreendentes.”

Idéias que o Brasil adotou

As pesquisas de Emília Ferreiro e o termo construtivismo começaram a ser divulgados no Brasil no início da década de 1980. As informações chegaram primeiro ao ambiente de congressos e simpósios de educadores. O livro-chave de Emília, Psicogênese da Língua Escrita, saiu em edição brasileira em 1984. As descobertas que ele apresenta tornaram-se assunto obrigatório nos meios pedagógicos e se espalharam pelo Brasil com rapidez, a ponto de a própria autora manifestar sua preocupação quanto à forma como o construtivismo estava sendo encarado e transposto para a sala de aula. Mas o construtivismo mostrou sua influência duradoura ao ser adotado pelas políticas oficiais de vários estados brasileiros. Uma das experiências mais abrangentes se deu no Rio Grande do Sul, onde a Secretaria Estadual de Educação criou um Laboratório de Alfabetização inspirado nas descobertas de Emilia Ferreiro. Hoje, o construtivismo é a fonte da qual derivam várias das diretrizes oficiais do Ministério da Educação. Segundo afirma a educadora Telma Weisz na apresentação de uma das reedições de Psicogênese da Língua Escrita, "a mudança da compreensão do processo pelo qual se aprende a ler e a escrever afetou todo o ensino da língua", produzindo "experimentação pedagógica suficiente para construir, a partir dela, uma didática".

Etapas de aprendizado

Segundo Emília, a construção do conhecimento da leitura e da escrita tem uma lógica individual, embora aberta à interação social, na escola ou fora dela. No processo, a criança passa por etapas, com avanços e recuos, até se apossar do código linguístico e dominá-lo. O tempo necessário para o aluno transpor cada uma das etapas é muito variável. Duas das conseqüências mais importantes do construtivismo para a prática de sala de aula são respeitar a evolução de cada criança e compreender que um desempenho mais vagaroso não significa que ela seja menos inteligente ou dedicada do que as demais. Outra noção que se torna importante para o professor é que o aprendizado não é provocado pela escola, mas pela própria mente das crianças e, portanto, elas já chegam a seu primeiro dia de aula com uma bagagem de conhecimentos. “Emília mostrou que a construção do conhecimento se dá por sequências de hipóteses”, diz Telma Weisz.

De acordo com a teoria exposta em Psicogênese da Língua Escrita, toda criança passa por quatro fases até que esteja alfabetizada:
• pré-silábica: não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada;
• silábica: interpreta a letra a sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada uma;
• silábico-alfabética: mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas;
• alfabética: domina, enfim, o valor das letras e sílabas.

O princípio de que o processo de conhecimento por parte da criança deve ser gradual corresponde aos mecanismos deduzidos por Piaget, segundo os quais cada salto cognitivo depende de uma assimilação e de uma reacomodação dos esquemas internos, que necessariamente levam tempo. É por utilizar esses esquemas internos, e não simplesmente repetir o que ouvem, que as crianças interpretam o ensino recebido. No caso da alfabetização, isso implica uma transformação da escrita convencional dos adultos. Para o construtivismo, nada mais revelador do funcionamento da mente de um aluno do que seus supostos erros, porque evidenciam como ele “releu” o conteúdo aprendido. O que as crianças aprendem não coincide com aquilo que lhes foi ensinado.

Compreensão do conteúdo

Com base nesses pressupostos, Emília Ferreiro critica a alfabetização tradicional, porque julga a prontidão das crianças para o aprendizado da leitura e da escrita por meio de avaliações de percepção (capacidade de discriminar sons PARA PENSAR e sinais, por exemplo) e de motricidade (coordenação, orientação espacial etc.). Dessa forma, dá-se peso excessivo para um aspecto exterior da escrita (saber desenhar as letras) e deixa-se de lado suas características conceituais, ou seja, a compreensão da natureza da escrita e sua organização. Para os construtivistas, o aprendizado da alfabetização não ocorre desligado do conteúdo da escrita.

É por não levar em conta o ponto mais importante da alfabetização que os métodos tradicionais insistem em introduzir os alunos à leitura com palavras aparentemente simples e sonoras (como babá, bebê, papa), mas que, do ponto de vista da assimilação das crianças, simplesmente não se ligam a nada. Segundo o mesmo raciocínio equivocado, o contato da criança com a organização da escrita é adiado para quando ela já for capaz de ler as palavras isoladas, embora as relações que ela estabelece com os textos inteiros sejam enriquecedoras desde o início. Compreender a escrita interiormente significa compreender um código social. Por isso, segundo Emília Ferreiro, a alfabetização também é uma forma de se apropriar das funções sociais da escrita. De acordo com suas conclusões, desempenhos díspares apresentados por crianças de classes sociais diferentes na alfabetização não revelam capacidades desiguais, mas o acesso maior ou menor a textos lidos e escritos desde os primeiros anos de vida.

Para pensar

Segundo os construtivistas, não se aprende por pedacinhos, mas por mergulhos em conjuntos de problemas que envolvem vários conceitos simultaneamente. No caso da alfabetização, utilizar textos do cotidiano é muito mais produtivo do que seguir uma cartilha. Isso não quer dizer que o ensino não deva ser objeto de planejamento e sistematização. Você, professor, costuma ficar atento ao que cada aluno já sabe para fazer com que avance, em ritmo próprio?


Livros de Emília Ferreiro:
• Cultura Escrita e Educação, Ed. Artmed
• Psicogênese da Língua Escrita, com Ana Teberosky, Ed. Artmed


As formas tradicionais de alfabetização inicial consistem em um método no qual o professor transmite seus conhecimentos aos seus alunos. Porém, muitos desses não estão capacitados para compreender algumas dificuldades que a criança enfrenta antes de entender o verdadeiro sentido da leitura e escrita.
As primeiras escritas feitas pelas crianças no início da aprendizagem devem ser consideradas como produções de grande valor, porque de alguma forma seus esforços foram colocados no papel representando algo.
Na aprendizagem inicial as práticas utilizadas são muitas vezes, baseadas na junção de sílabas simples memorização de sons e copias. Fazendo com que a criança se torne um espectador passivo ou receptor mecânico. Não participando do processo de construção do conhecimento.

Método de Ensino Emília Ferreiro

Nos últimos 20 anos nenhum nome teve tanta influência sobre a educação brasileira como o da psicolinguista Emília Ferreiro. 
Emília Ferreiro nasceu na Argentina em 1936. Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob orientação do biólogo Jean Piaget, cujo trabalho é epistemologia genética (desenvolvimento natural da criança). Em 1974 Emília desenvolveu na Universidade de Buenos Aires uma série de experimentos com crianças, que deu origem em Psicogênese da Língua Escrita, com parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky , publicado em 1979.
Das obras de Emília a mais importante foi – Psicogênese da Língua Escrita – não apresenta nenhum método pedagógico, mas revela os processos de aprendizagem da criança, levando a entender que puseram em questão os métodos tradicionais de ensino da leitura e da escrita.
Emília Ferreiro tornou-se referência para o ensino brasileiro e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, modo em que a criança aprende. Emília chegou à conclusão de que as crianças têm um papel ativo de aprendizagem. Elas constroem seu próprio conhecimento.
Segundo Emília Ferreiro, a construção do conhecimento da leitura e da escrita tem uma lógica individual, na escola ou fora dela. No processo de aprendizagem a criança passa por etapas com avanços e recuos, até dominar o código linguístico. O tempo para o aluno transpor cada uma das etapas é bem variado. Duas conseqüências importantes a ser respeitada em sala de aula é respeitar a evolução de cada criança e compreender que o desempenho mais vagaroso não significa que a mesma seja menos inteligente. A aprendizagem não é provocada pela escola, mas pela própria mente das crianças, elas chegam a seu primeiro dia de aula com conhecimento.
O processo inicial é considerado em função da relação entre método utilizado e o estado de maturidade ou de prontidão da criança. As dificuldades que a criança enfrenta, são dificuldades conceituadas a respeito da construção do sistema e pode-se dizer que as crianças reinventam esse sistema. Não é reinventar as letras ou números, mas compreende-se o processo de construção e suas regras de produção.
De acordo com a teoria exposta em Psicogênese da Língua Escrita, toda criança passa por quatro fases até sua alfabetização:
  • pré-silábica: não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada;
  • silábica: interpreta de sua maneira, atribuindo valor a cada sílaba;
  • silábico-alfabética: mistura a lógica da fase anterior com a identificação de cada silaba;
  • alfabética: domina o valor das letras e sílabas.
O processo de conhecimento da criança deve ser gradual dependendo de sua assimilação e de uma re-acomodação dos esquemas internos, que necessariamente levam tempo. É por utilizar esse sistema e não repetir o que ouvem, que as crianças interpretam o ensino que recebem. Nada mais revelador do funcionamento da mente de um aluno do que seus supostos erros, porque evidenciam como ele releu o conteúdo aprendido.
Emília Ferreiro critica a alfabetização tradicional, porque a prontidão das crianças para o aprendizado da leitura e da escrita por meio de avaliação de percepção e de motricidade (coordenação). O peso para o aspecto externo da escrita é excessivo, deixando de lado suas características como a compreensão da escrita e sua organização. Seguindo esse raciocínio o contato da criança com a organização da escrita é adiado para quando ela for capaz de ler as palavras isoladas, embora a relação com os textos inteiros sejam enriquecida. Portanto a alfabetização também é uma forma de se apropriar das funções sociais da escrita.
Segundo Emília Ferreiro (1996, p.24) “O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas as práticas sociais assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças.”
Atualmente, os professores definem o processo de alfabetização como sinônimo de uma técnica. Entretanto no processo de alfabetização inicial, nem sempre esses critérios são utilizados. Os professores ensinam da mesma maneira como aprenderam quando eram alunos, e não aceitam os erros que seus alunos cometem.
A autora defende, que de todos os grupos as crianças são as mais fáceis de alfabetizar e estão em processo continuo de aprendizagem, enquanto os adultos já têm formas de conhecimento mais difíceis de modificar, ressalta.
Tradicionalmente, as decisões a respeito da prática alfabetizadora têm como foco a polêmica sobre os métodos utilizados. A metodologia normalmente utilizada pelos professores parte daquilo que é mais simples, passando para os mais complexos.
Para Ferreiro & Teberosky (1985, p.18) a preocupação dos educadores tem-se voltado para a busca do melhor ou do mais eficaz dos métodos, levando a uma polêmica entre dois tipos fundamentais: método sintético e método analítico.
O método sintético preserva a correspondência entre o oral e o escrito, entre som e a grafia. O que se destaca é o processo que consiste em partir das partes do todo, sendo as letras os elementos mínimos da escrita. O método analítico insiste no reconhecimento global das palavras ou orações.
Então para Emília Ferreiro, o que seria correto é interrogar, ”através de que tipo de prática a criança é introduzida na linguagem escrita, e como se apresenta esse objeto no contexto escolar” (1985, p.30).
Existem práticas que levam a criança à convicção de que o conhecimento é algo que os outros possuem e que só se pode adquirir da boca destes, deixando assim, de ser participante da construção. Algumas práticas levam a pensar que o que existe para conhecer já foi estabelecido, como um conjunto de coisas que não serão modificados. Algumas práticas fazem com que a criança, fique sem a prática do conhecimento, como receptor daquilo que o professor ensina.
Ainda para Ferreiro ”nenhuma prática pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas em certo modo de conceber o processo de aprendizagem e o objeto dessa aprendizagem” (1985,p.31). Então para que o professor seja eficaz deverá adaptar seu ponto de vista ao da criança.

Foi possível compreender que as dificuldades e fracassos nas séries iniciais na aprendizagem da leitura e escrita constituem um problema que nenhum método conseguiu solucionar.
Tendo como base a teoria psicológica e epistemológica de Piaget, a pesquisadora mostra que a criança constrói seus sistemas interpretativos.
Porem é necessário que o professor considere as escritas do ponto de vista construtivo, considerando a evolução de cada criança, é preciso que haja uma reestruturação interna na escola com relação à alfabetização e também no que se refere às formas de alfabetizar.


Alfabetização: teoria e prática

Marília Claret Geres Duran

O que é construtivismo? Quem são Emília Ferrero e Ana Teberosky? Que contribuições têm essas autoras a dar com relação à alfabetização?

Este texto de Marília Duran é uma contribuição para o entendimento das noções e termos usados dentro do referencial construtivista.
Clique aqui para ler o texto na íntegra. Para isso você precisa ter o programa Acrobat Reader. Para instalá-lo, clique aqui.
"O construtivismo não é um método para a prática pedagógica. No entanto, o construtivismo contribui para o entendimento da forma como ocorre o aprendizado, e, nesse sentido, influencia na definição dos objetivos da educação formal e na formulação da intervenção pedagógica."
"Ao introduzirem uma linha de investigação evolutiva no campo da escrita, FERREIRO e TEBEROSKY trazem a possibilidade de melhor se entender a questão específica da escrita, até então ausente das
pesquisas feitas pela Linguística, pela Psicologia, pela Pedagogia."
"FERREIRO oferece-nos um instrumental de possibilidades de ver a criança no seu processo de aquisição da escrita, de verificar o que ela sabe e o que ela não sabe, porque é no que ela ainda não sabe, no que ela pode e tem condições de fazer com ajuda, com interferência do adulto, que o professor vai atuar. Nesse sentido, a descrição evolutiva ultrapassa o nível do diagnóstico e da avaliação inicial e contribui efetivamente para informar o desenho de situações de
ensino/aprendizagem."
"Muitas vezes a criança pergunta: "Está certo?". E o professor responde: "Está.". O que a criança procura ao fazer suas perguntas? O que ela está querendo de nós, professores? Ela está querendo
compartilhar a sua escrita, o que significa também o reconhecimento de uma imposição social da forma ortográfica. A escrita tem um valor social exatamente porque pode ser compartilhada. Portanto, escrever, por exemplo, pato com apenas a e o não é algo que possa ser compartilhado..."

"...a aprendizagem da leitura e da escrita não se dá espontaneamente; ao contrário, exige uma ação deliberada do professor e, portanto, uma qualificação de quem ensina. Exige planejamento e decisões a respeito do tipo, freqüência, diversidade, seqüência das atividades de aprendizagem. Mas essas decisões são tomadas em função do que se considera como papel do aluno e do professor nesse processo; por exemplo, as experiências que a criança teve ou não em relação à leitura e à escrita. Incluem, também, os critérios que definem o estar alfabetizado no contexto de uma cultura."

 
MÚSICA:




  A  ARTE  DE  COMBINAR  SONS!!!

em breve planos de aula, com música...