Gisely
Brito de Oliveira
De acordo com Fonseca
(1997, v.1, p.9), vivemos em um mundo onde valorizamos somente o que parece
útil, onde existe a constante necessidade de rotular e classificar. Valorizamos
o que é mais prático e simples, as ações são mais importantes que os desejos e
os conceitos mais importantes que os sentimentos.
Neste contexto de
valorizar o lado utilitário da vida os processos educativos buscam uma
realidade estável e previsível, descartando o questionamento e a criatividade,
com medo que estes causem tensões e situações imprevisíveis.
Diante desta realidade é difícil expor a
importância de algo que não é conceituável nem descritível. A música não
significa nada além dela mesma, talvez seja este um dos motivos pelo qual ela
está secundarizada e esquecida dentro da escola.
Nas discussões sobre a importância da
música na educação sempre se ouvi que a musica tem o poder de desenvolver a
autoconfiança, a motivação, a inibição, a concentração, a autodisciplina, ajuda
a formar fila, a fazer silêncio e muito mais. Existem evidências que confirmam que a
música realmente possui estas capacidades, mas será que estas são capacidades
exclusivas da educação musical? Será que uma atividade escolar bem estruturada
e embasada não conseguiria alcançar estes objetivos?
Existe uma diferença
entre usar a música como recurso pedagógico e usar da música, da sua riqueza,
do seu encantamento para se alcançar um objetivo.
Acredito que o verdadeiro valor da
educação musical não está apenas no fato dela auxiliar no desenvolvimento de
outras atividades, mas sim no fato dela proporcionar a criança uma outra forma
de linguagem, uma linguagem onde os sentimentos não são conceituáveis nem
descritíveis. Por mais que busquemos palavras não conseguiremos transmitir o
que a música pode proporcionar ao ser humano.
A educação musical desenvolve o potencial
imaginativo, a criatividade, a personalidade e, além disso, ela possui uma
capacidade que é só dela, que é a capacidade de abrir a porta para uma outra
forma de expressão. A expressão por meio dos sons, adquirida através da
vivência musical e não das palavras.
A música nos oferece uma variedade infindável
de objetivos simbólicos que podem ser altamente reveladores e transformadores:
ela enriquece o espírito, expandi nosso universo interior e refina a percepção
crítica do ambiente que nos rodeia (FRANÇA, 2001, p. 2).
Referências
Bibliográficas
KOELLREUTER, H. J. Educação
Musical no Terceiro mundo: Função, Problemas e Possibilidades. In: KATER,
Carlos (org). Cadernos de Estudo: Educação Musical. Belo Horizonte: Através/
EMUFMG/ FAPEMIG, v. 1, p. 1 – 8, 1997.
FONSECA, João Gabriel
Marques. Porque Educação Musical. In: KATER, Carlos (org). Cadernos de Estudo:
Educação Musical. Belo Horizonte: Através/ EMUFMG/ FAPEMIG, v. 1, p. 9 – 11,
1997.
FRANÇA, Cecília
Cavalieri. Quem precisa de educação musical, Boletim UFMG, Belo Horizonte, p.
2, 2001.
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